segunda-feira, 23 de março de 2009

Períodos Sensíveis da Língua

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Períodos Sensíveis na Aquisição da Linguagem

Neville (OECD, 2000) tem anotado que a aquisição de uma segunda língua envolve tanto a compreensão quanto a produção adequadas; competências identificadas pelos peritos como processos diferentes.

Dois aspectos que têm que ver com a compreensão são: O processamento da gramática e da semântica - Elas operam através de diferentes sistemas neurais no cérebro. O processo da gramática está nas regiões frontais do hemisfério esquerdo; em tanto que, O processo semântico (por exemplo: o aprendizado de novo vocabulário) ativa regiões posteriores laterais de ambos hemisférios. Depois que a gramática foi aprendida, a área mais ativa do cérebro no processo de aprendizagem está relacionado com a semântica.

Em vez do que processamento gramatical aconteça somente no hemisfério esquerdo, os aprendizes atrasados duma linguagem processam a mesma informação em ambos hemisférios. Isto sugere que a exposição tardia a uma língua, conduz ao cérebro rumo a usar uma estratégia diferente de processamento gramatical. Estudos confirmatórios adicionalmente mostram que indivíduos com ativação bilateral do cérebro se apresentam maiores dificuldades na utilização correta da gramática - a ativação bilateral implica uma maior dificuldade na aprendizagem. Desta forma quanto mais cedo é exposta uma criança à gramática duma língua estrangeira, mais fácil e rapidamente se vai ha realizar a aprendizagem.

Aprender a semântica, contudo continua ao longo da vida toda e não é afetada pela idade.

Outro exemplo de um período sensível é durante a aquisição dos sons (fonemas) das diferentes línguas. Estudos mostram que as crianças durante os primeiros meses de vida são capazes de discriminar entre os diferentes sons vogais e consoantes que são semelhantes, tanto para as línguas nativas como para as línguas estrangeiras. Os recém-nascidos podem aprender a discriminar sons de difíceis contrastes em um par de horas, mesmo quando eles dormem; contrariamente à opinião de que o sono é um estado sedentário onde a atenção e a capacidade de aprendizagem é reduzida ou ausente (Cheour e colaboradores 2002a).

Não obstante; durante o primeiro ano de vida, esta capacidade de reconhecer os sons das línguas não-nativas é decrescente, assim como, aumenta a sensibilidade para os sons da língua materna. Esta diminuição na percepção da linguagem forânea que ocorre durante o primeiro ano de vida apresenta uma maior diminuição entre 8 e 10 meses (Werker, 2002; Kuhl, 1979). Esta alteração melhora a eficiência da função cerebral para se adaptar a seu ambiente natural.

Deve notar-se que expor as crianças às línguas estrangeiras só através de discos compactos (CD), com objetivo de manter à sensibilidade aos sons das línguas estrangeiras não é suficiente.

A aquisição dos sons fora da língua materna é sempre possível depois deste período sensível. Cheour e colaboradores (2002b) demonstraram que entre 3 e 6 anos as crianças podem aprender a distinguir sons de línguas estrangeiras, quando são expostos a um ambiente natural por dois meses, sem nenhum treino especial. McCandliss sugeriu que, com um breve treinamento, os nativos japoneses adultos podem aprender a distinguir entre os sons r e l.

Ainda assim, o aspecto mais importante é a capacidade de se comunicar, que não implica necessariamente uma distinção exata dos sons emitidos; isto deixa aberta a questão de que se é necessário investir tempo na formação para distinguir pontualmente os sons de uma língua estrangeira, sempre se deve considerar o nível de precisão que é necessária em situações diferentes.

"Understanding the Brain: The Birth of a Learning Science", 2007, pages 44-45

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